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07/07/2020 23:47

Entre artigos de lei e uma videochamada

Um dia desses, plena madrugada,

Ouvi passadas firmes no corredor

E da sombra surgiu a imagem doce

do menino sonhador.

 

Conservava traços de recém nascido

olhinhos de jabuticaba, pescoço encolhido

chegou manso, olhou e nada disse

imaginando tudo o que viveu até a velhice

 

O menino era gordinho, de roupa curta e cabelo mal cortado

Bochechas rotundas e narizinho arrebitado

E ali permaneceu a figurinha infantil

Olhar interessado, sem falar nenhum piu

 

Nos olhamos por um tempo,

Mas as obrigações raptaram meu sentimento

E voltei às tarefas diárias, estudo e trabalho,

Dessas que a gente resolve sem atrapalho

 

Após algum tempo, o menino quis falar

Tentava dizer coisas pra me aconselhar

Focado nas tarefas, nem pensei escutar

Porque conselho de menino, pouco ia acrescentar

 

Havia coisas úteis que eu precisava fazer

Adulto, nada mais tinha a aprender

Em vão ele gritava, tentando fazer entender

Que ele era eu, antes de embrutecer

 

Assim perdi a chance de conversar com a melhor versão de mim

Por coisas que, em verdade, eu nem estava tão a fim

Restou a imaginação do que o menino eu iria dizer

E a decepção do que vai virar, quando ele crescer.

 

 

 

 

 

06/07/2020 23:09

Agora me tornei adulto e só restou revirar umas caixas de e-mails antigas em que tive a agradável de surpresa de me reecontrar.

Desde a última postagem, em 2014, tudo mudou, eu mudei, me mudei. Veio a companheira de vida.Veio o Vi. 

Vieram dois diplomas, algum dinheiro e realizações. Mas o fogo que ardia enquanto escrevia esses poucos textos, esse continua o mesmo.

O Brasil não mudou muito, mas mudou para pior, a farsa de cordialidade caiu e as cadelas do fascismo é que estavam por detrás das cortinas. Sedutoras, ferormônio de atrair classe média, seu cio cheirava a ódio e, como ratas, rapidamente se reproduziram.

Pois neste contexto é que, residindo no interior do interior, onde achava que iria me encontrar, eu me perdi de vez em um emaranhado de responsabilidades, moralismo e hipocrisia. Submerso em uma piscina de medo. Medo de vírus, medo de gente, medo de reputação, medo de medo.

O difícil nestes tempos é manter a verve. É seguir olhando nos olhos de quem, por ignorância ou sadismo, saúda o ódio que quer destruir tudo o que construímos.

É foda ser o alvo do discurso dos nossos pais.

O duro é ter que aguentar tanto tapa na cara. Agressões gratuitas às poucas coisas que conquistamos. Ser arrogante por estudar, ser mesquinho por economizar, ser um merda por gostar de ler. Lázaro! Alguém?

A sensação é que os alicerces valorativos sobre os quais nossas personalidades foram forjadas simplesmente viraram pó. O bom virou mau, o bem virou mal. O diferente virou inimigo, como se todos estivéssemos em um imenso coliseu, feitos para o combate sangrento, onde não há espaço para a empatia. 

Cristo 2.0 é um empresário que defende a eugenia e faz requerimentos direto ao presidente. Deve ter enjoado de dois milênios ao lado dos pobres e excluídos. Até ele cansou.

O último homem, a grade de ferro, ebola, ciclone bomba, coronavírus. Estamos em 2020, e eu estou aqui escrevendo novamente na internet, com a esperança de deixar textos que o meu filho possa ler e se orgulhar...

 

Pedrada - Chico César

Cães danados do fascismo
Babam e arreganham os dentes
Sai do ovo a serpente
Fruto podre do cinismo

Para oprimir as gentes
Nos manter no escravismo
Pra nos empurrar no abismo
E nos triturar com os dentes

Ê república de parentes pode crer
Na nova Babilônia eu e você
Somos só carne humana pra moer
E o amor não é pra nós

Mas nós temos a pedrada pra jogar
A bola incendiária está no ar (vai voar)
Fogo nos fascistas
Fogo, Jah!

https://www.youtube.com/watch?v=jRebDMJGHQ0

 

 

10/03/2014 18:15

Depois de alguns meses longe do nosso blog, inexplicavelmente,
bateu uma saudade, por isso resolvi falar um pouco sobre umas poucas coisas que
vieram à mente....

Evidente que devemos pincelar o caso Ucrânia, a bola da vez,
que faz reviver as expectativas de outro duelo de titãs. Estados Unidos e Rússia
cada dia mais revivem seu clima rivalidade e trocam ofensas e ameaças, tudo
pelo monopólio (ou quase monopólio) do abastecimento de gás natural na Europa.

Os discursos continuam os mesmos. De um lado Putin e a sua
proposta de referendo para anexar o território falido ao seu gigante império
Eurasiático e do outro Mr. Obama, garantindo que a manutenção da paz e da
democracia está intrinsecamente ligado às suas intervenções e conseqüentes
mortes de civis. Deixo o juízo de valor para os socialistas e capitalistas
porque cansei de expor minhas opiniões.  

Mas, para falar do que queria, começo com uma pergunta simples
porém profunda: Vale a pena aprender sobre as coisas?

Obviamente que todos dirão que sim, porque o conhecimento é
a chave da sabedoria e porque ilumina a nossa jornada, mas calma....

Quanto de tempo, de stress e de sorrisos
"sinceros" é jogado fora quando decidimos entendermos melhor algumas
coisas que ocorrem diante de nossos olhos? Muitas vezes olho para mim e, quando
comparo com as pessoas que montaram seus castelos sobre rochas de ignorância,
desinformação e preconceitos, sinto inveja.

Inveja daquele que consegue olhar para o lado e não ver a
história da humanidade com o pessimismo de quem sabe que a genealogia humana é
repleta de mitos, contos e histórias mal contadas, ainda hoje.

As pessoas, lá no fundo, sabem que estão submersas num
oceano de ignorância e, quando alguém tenta buscar oxigênio na superfície, elas
sentem ódio.

Ódio do diferente, ódio do novo, medo do extravagante, medo
do auto-conhecimento.... E dessa mistura de ódio e medo nasce as afirmações de
poder e a necessidade de se colocar como superior ao seu semelhante. Nasce a
hierarquia.

Quanta coisa eu queria falar hoje, mas é melhor não, preciso
correr atrás da minha paz de espírito, mesmo sabendo que essa corrida
"ofende" muita gente.


18/11/2013 21:47

Um povo que sofreu a maior maldade da história, um povo que, por ter tons de pele mais escuros, foi retirado de sua terra natal e escravizado. A injustiça cometida contra os negros manchou a história humanidade muito antes dos campos de concentração, e as crueldades da escravidão foram exponencialmente piores.....

Poucas pessoas conseguem imaginar o que realmente foi a escravidão, eu mesmo sinto o tamanho da minha imprecisão ao dissertar a respeito de um sofrimento que eu não vivi. Não há a menor possibilidade de alguém que nunca foi escravo saber o que passaram pessoas que foram subtraídas de liberdade.... Os escravos comiam sobras, não tinham as menores condições de vida e apanhavam o quanto seu dono (a expressão “dona” nasceu na escravidão) achasse necessário. Se o senhor do engenho quisesse, ele podia matar seu escravo, pois este era sua propriedade, não desfrutava do “status” de ser humano.

Mas é daí que veio minha admiração pelos negros. 

Sempre quis descobrir de onde veio a força para transformar o sofrimento em felicidade e por muito tempo caí no senso comum de acreditar que essa felicidade era fruto de uma alienação ou falta de senso crítico que fez com que as terríveis situações fossem esquecidas. Erro crasso, talvez fruto de um “achar que o povo é burro”, o maior dos equívocos de quem procura qualquer entendimento social....

Ao contrário do que pensava, a alegria negra não é fruto de alienação, ao contrário, o raciocínio é absolutamente revolucionário.... Fazer samba, jogar capoeira, manter sua religião intacta mesmo depois de tantas investidas contra sua cultura mostra a grandeza do coração negro.

A herança da cultura negra é o mais bonito legado deixado por alguma cultura no Brasil. Hoje, TODOS SOMOS NEGROS, de sangue ou de alma, e é aí que está a felicidade, é por isso que somos uma grande nação.

O pagode, a capoeira (luta que parece dança e dança que é luta), a feijoada (comida do Brasil), a umbanda, o candomblé...todos sobreviveram à ignorância branca; isso é mostrar RESISTÊNCIA. Mesmo escravizado, com arte, dança e sorriso dizer que a intolerância pode tirar a liberdade, mas nunca tirará a nossa alegria, o preconceito pode dizer que não somos gente, mas o amor nos faz e nos fez humanos, os mais belos seres humanos, os injustiçados e vitoriosos.

E todos os descendentes de europeu sofrem com a angústia de saber o tamanho da ignorância de seus antepassados.

Dia 20 de novembro é dia da consciência negra e não queremos prestar homenagens à Zumbi dos Palmares ou Martin Luther King, pois isso seria muito óbvio. Nossa homenagem é para cada ser humano que é negro de pele, de alma, ou de coração. No sorriso negro, temos a alma da resistência, o sentimento que deve nortear qualquer revolucionário, qualquer um que procura um mundo melhor.

                                                                                                                                                                                                          

Sorriso Negro

Fundo de Quintal / Dona Ivone Lara

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade 2x

Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio é luto
Negro é a solidão
Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade

Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio é luto
Negro é a solidão
Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade 2x

 

Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade

Martinho da Vila

 Aprendeu-se a liberdade
Combatendo em Guararapes
Entre flechas e tacapes
Facas, fuzis e canhões
Brasileiros irmanados
Sem senhores, sem senzala
E a Senhora dos Prazeres
Transformando pedra em bala
Bom Nassau já foi embora
Fez-se a revolução
E a festa da Pitomba é a reconstituição
Jangadas ao mar
Pra buscar lagosta
Pra levar pra festa
Em Jaboatão
Vamos preparar
Lindos mamulengos
Pra comemorar a libertação

E lá vem maracatu, bumba-meu-boi, vaquejada
Cantorias e fandangos
Maculelê, marujada
Cirandeiro, cirandeiro
Sua hora é chegada
Vem cantar esta ciranda
Pois a roda está formada
Cirandeiro
Cirandeiro, Ó
A pedra do seu anel
Brilha mais do que o sol

18/10/2013 19:02

       Criado por Aristóteles, o princípio da Isonomia norteia o direito garantindo que os “iguais devem ser tratados igualmente e os desiguais desigualmente na medida de sua desigualdade”. A doutrina Aristotélica, influenciada pelo sacrifício de Sócrates, demonstra certo temor ao fato de a justiça poder cometer injustiças, e propõe uma abordagem ética (ethos) em relação ao tema, inclusive colocando a Equidade (Equus) em um patamar superior à própria justiça, ou seja, a justiça é virtude, mas a equidade é que torna um homem justo em virtuoso. Equidade é a justiça aplicada ao caso concreto.

       Mesmo proveniente do Séc. IV A.C, a concepção Aristotélica é atemporal e relevante ao direito, entretanto, é COMPLETAMENTE ignorada pela sociedade pós-moderna, que tem seus valores distribuídos por meios de comunicação de massa defensores de um ideal burguês e excludente.

       A extrema direita, sob a bandeira da defesa de princípios como a justiça, desenvolvimento e bons costumes, acaba por estabelecer conceitos que lembram a arcaica lei do talião (dente por dente olho por olho), gerando uma sociedade baseada no ódio, ao invés de uma sociedade baseada na justiça. É importante frisar que a extrema direita criou o nazismo e o fascismo, portanto, a pulga nunca deve sair de trás da orelha...

    Desigualdade + Falta de reflexão (educação reflexiva) + Mídias de massa + Sociedade do Medo – Perspectiva do outro = Sociedade do ódio. Explicaremos os fatores:

    - Desigualdade: Não há muito que se falar a respeito de desigualdade, pois seria o mesmo que explicar a existência do sol ou do mar. A desigualdade social é uma triste realidade  da humanidade e, dentro de um sistema capitalista, ela é ainda mais cruel. Só quem tem dinheiro tem acesso, só quem tem acesso consegue ter dinheiro, e nesse “circulo virtuoso” os de origem humilde só conseguem atingir um nível mínimo de dignidade com sorte ou compaixão do capitalista. A questão não é trabalho. Se fosse, o pedreiro que acorda às 5 da manhã seria mais rico que o investidor.

    - Mídias de Massa: As mídias de massa são um fenômeno decorrente do desenvolvimento capitalista.Não pense que a televisão, o rádio ou a internet têm como finalidade a comunicação simplesmente.Todos os programas da televisão e portais são financiados pelo capital (corporações). As mídias de massa possuem a intenção de VENDER PRODUTOS OU IDÉIAS. 

Mesmo que a ideia inicial não seja capitalista (a internet foi criada por um grupo de jovens cientistas para “socializar” o conhecimento) o poderio financeiro absorve as mídias, e isso gera meios muito mais alienantes do que esclarecedores.
                Mídias de massa geram uma necessidade de consumir, e somadas à desigualdade, geram VIOLÊNCIA.

      - Déficit de reflexão: É ponto passivo em qualquer discussão que a educação não visa a formação de seres críticos e pensantes. Dentro de um sistema baseado na desigualdade, não é interessante para a classe dominante que a classe dominada tenha consciência de sua situação. Portanto claro é que a educação é meio de propagação de alienação, acarretando em uma massa facilmente manipulável e que, fechada em uma concepção cartesiana (fragmentada) não consegue enxergar a complexidade das coisas.  (ler Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, de Edgar Morin)

        Então, podemos concluir que violência + déficit de reflexão forma uma sociedade cega, que fala mas não pensa, ou melhor, que pensa mais não sabe o porquê pensa...

        - Sociedade do medo: Pode ser considerado um desdobramento das mídias de massa, uma vez que são essas mídias que propagam as suas ideias e formam o seu gerador de receita, o terror.

        A indústria bélica é uma das que mais movimentam capital. Países com tecnologia na fabricação de armas de fogo ou de segurança movimentam rios de dinheiro e só compra arma quem tem medo. Logicamente não seria interessante para esses poucos beneficiados que a sociedade deixe de ter medo ou ódio, pois esses sentimentos mobilizam as pessoas e as nações à “corrida da segurança”.

        Os pontos facilmente são ligados.....Desigualdade.....Consumismo.....Falta de Reflexão....Medo....

        - Extinção da perspectiva do outro: A única subtração em nossa equação é um desdobramento da falta de reflexão. Colocarmos-nos na situação do outro, ver o mundo com outra ótica que não seja a sua própria é uma ameaça ao tecido maléfico da sociedade do ódio.

         O primeiro passo para cometer qualquer atrocidade é a certeza absoluta de que não seria o outro, mesmo que estivesse na situação que ele se encontra. “Eu jamais faria tal coisa, mesmo que estivesse na situação dele” é a pior frase que um humanista pode ouvir, porque ninguém pode ser isentar que qualquer coisa, ninguém pode ser o que não é e muito menos julgar as ações de outros sob sua perspectiva. Se neutralidade é essencial para um juiz, quem dirá para um cidadão comum quando analisa qualquer ato que não seja seu. Cada pessoa é um universo e cada um universo é indecifrável...

         E o resultado dessa equação é uma sociedade que se fundamenta no ódio, que julga sem perceber o outro. Sociedade sedenta de sangue que quer ver morte; acredita que se é pobre é vagabundo; se é pobre é porque quis; se é ladrão merece morrer, se é diferente merece sumir.... Sociedade que aceita o que é dito, sociedade que se baseia em distorções de todos os sentidos, desde religiosas até distorções sobre o que é justiça.

         E para mudar essa fórmula nefasta, só a equação Ética + Amor = PAZ.

         Aristóteles fique tranquilo, ainda existem pessoas que compartilham de seus ensinamentos e essas pessoas não cansarão de questionar.

          “Responder a injustiça com a injustiça somente geraria a injustiça ad infinitum” (Sócrates) 

11/10/2013 13:58

    No dia 03 de outubro de 2013 o mundo estarreceu-se ao receber a notícia do incrível corte de verba aprovado pelo congresso americano, o que muitos consideram como um sequestro do governo. A aprovação do sequestro significou o congelamento dos repasses de verbas para a manutenção do dia-a-dia estatal estadunidense. Pontos turísticos interditados, autarquias paralisadas e até a possibilidade de atraso no pagamento de funcionários públicos estão entre as razões com poder de retrair a ainda doente economia dos USA.

    Estamos acostumados com crises financeiras e colapsos econômicos, então, não nos causaria muito espanto o acontecimento não fossem as verdadeiras razões pelas quais o governo Obama sofre o embargo financeiro.

    O único país americano a não disponibilizar saúde estatitazada aos seus cidadãos são os Estados Unidos (entende-se por saúde estatizada a saúde pública, que é paga com os impostos do contribuinte). Lá, nem o questionável SUS existe, ou seja, o posicionamento americano em relação à saude é 100% neoliberal.

    Este cenário transformou a saúde numa mina de ouro na terra do Tio Sam. Só tem acesso quem tem convênio médico ou fundos disponíveis para pagar médicos particulares e, normalmente, a primeira alternativa é a mais viável. Neste contexto, megacompanhias de planos de saúde geraram um verdadeiro império que substituiu a finalidade real da medicina (salvar vidas) pela finalidade real do capitalismo (maximização de lucros).

    Exemplos da falta de humanismo dessas empresas são as restrições em virtude de doenças pré existentes ou a enorme listagem de doenças que não recebem reembolsos por seus tratamentos (ver o filme SICKO S.O.S saúde, na sessão vídeos). Verdadeiros departamentos de espionagem são criados para que os convênios descubram qualquer problema que os isentem de pagar pelo tratamento dos pacientes, ou seja, você paga as mensalidades corretamente e quando você precisar, eles farão de TUDO para não honrar com as obrigações de plano de sáude.

    A situação se tornou tão absurda e insustentável que Barack Obama, coerentemente, resolveu intervir, regulando o sistema de saúde de modo a eliminar a máfia das doenças pré existentes, reduzir os preços e promover o acesso de todos os americanos aos planos de saúde. Obama pensou no povo....

    Exatamente no primeiro dia da ObamaCare (reforma da saúde), o congresso, formado majoritariamente por republicanos que tiveram as campanhas financiadas pelas grandes companhias (inclusive planos de saúde) suspenderam os gastos do governo, gerando um cenário de instabilidade mundial (hoje todas as economias estão atreladas aos EUA) e já disseram que não mudarão de idéia até que o ObamaCare seja reavaliado. Estranho né? As medidas para o bem geral não deveriam causar esse tipo de reação. Mas como todos sabem, o bem comum não combina com o modelo privado (Privado: o que não é público, que pertence ao indivíduo, que tem um dono).

    Pois sinceramente, pouco me importam as brigas internas dos Ianques, o que me preocupa é ver que no Brasil os planos de saúde estão cada vez mais fortes, e, consequentemente, as medidas de horizontalização do acesso à medicos pelas classes de baixa renda, como o MAIS MÉDICOS, são duramente criticadas....Será que, realmente, um médico cubano atuando nos rincões do Brasil, onde nenhum médico brasileiro quer ir, é tão prejudicial para as nossas vidas? Será que não estamos sendo induzidos ao mesmo posicionamento do congresso americano, apenas para defender os interesses de uma minoria?

    Penso que, se eu fosse o dono de um plano de saúde, eu não torceria por um SUS de qualidade e, na medida do possível, usaria meu poderio político e financeiro para que as coisas não acontecessem adequadamente. No Brasil também há lobistas, no Brasil também há megacompanhias de planos de saúde, no Brasil também há uma direita reacionária que, apoiada pela mídia (financiada pelas grandes corporações) rechaçam melhorias ao povo. Isso me parece assustador....

05/10/2013 16:32

    Lembro que nunca dei muita atenção para o que a escola ensinava, e ainda era tachado de irresponsável por isso. Eu e muitos colegas sempre perguntávamos – e esses casos se tornaram cada vez mais frequentes -, por qual motivo tínhamos de realizar uma equação exponencial, por qual motivo tínhamos de saber qual tipo de substância é utilizada como fonte de energia primária e qual substância era reservada para substituição energética no organismo humano; sempre perguntávamos por qual motivo – e em que isso nos ajudaria no futuro, ou ajudaria a sociedade (esses, que se preocupavam em ajudar a sociedade estavam em menor número) – tínhamos de saber a classificação dos períodos da pré história (paleolítico, neolítico e idade dos metais), e sempre a resposta do professor era a mesma: para passar de ano e passar no vestibular – o dilema aqui abordado também tem seu inicio aí, na resposta do professor. Passar? Vestibular? Mas que palhaçada é essa? Por qual motivo tenho que sacrificar toda minha disposição física e mental, chorar lágrimas de sangue e praticamente fazer pactos com o demônio para ter direito a uma boa universidade? Achei que já tivesse esse direito (Constituição Federal, Art. 6º - “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o lazer, a segurança a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”) – tecnicamente eu tenho esse direito, afinal, pertenço a uma família de classe média que tem condições de bancar meus estudos. Agora me pergunto: e se eu fosse um jovem morador de favela? Teria essa chance? Uma reflexão que deixo para vocês...

    Certamente se lembram que grande parte do dilema abordado nesse texto, começa na velha resposta dos professores de ensino médio: “vai usar isso para passar de ano e para passar no vestibular”. Uma resposta vaga, e toda resposta vaga é burra, é motivada por algo burro e gera burrice. Se muitos de vocês, caros leitores, acham que vivemos em um sistema educacional perfeito, que nos livra de máscaras ideológicas e permite alcançar certos objetivos utilizando como meio o esforço pessoal, irei lhes despertar desse sonho alienante agora mesmo. Estudantes são pães de trigo colocados em uma forma e posteriormente num forno para assar, de acordo com as expectativas de quem está assando esse pão. Vocês estão sendo instruídos para serem fantoches; instruídos a aceitar ordens sem questionamentos. É esse o vergonhoso sistema educacional brasileiro.

    Mas os indivíduos que sustentam e/ou apoiam esse sistema correm grandes riscos e são tão imprudentes, que não percebem que, ao sustentar e manter em vigor um ensino que prega o ócio em relação a questões de interesse sociopolítico e jurídico e ensina o indivíduo a ser passivo e aceitar ordens sem questionamentos, estão criando uma verdadeira bomba que pode explodir a qualquer momento – e quando essa bomba explodir, todos nós, independentemente de nossa classe social, teremos problemas graves; ah, aí sim os indivíduos alienados de classe média – que entorpecem nossa paciência com aquela constante e repentina frase: “o Brasil é um caos” -, conhecerão o verdadeiro caos. E sabem quando essa bomba pode explodir? Em duas ocasiões. Na primeira hipótese, temos a suposta chance de alguma espécie de intelectual maluco, frio e calculista subir ao poder e incitar a massa contra qualquer tipo de classe - ou para a infelicidade de quem apoia essa educação que obscurece a vista, confunde o cérebro e tapa os ouvidos -, contra as próprias classes que sustentam e apoiam essa educação alienante. A mesma massa que será incitada é a massa que recebe ordens sem questionar; e como ela aceita tudo e não questiona, não haverá exército capaz de contê-la. Poderemos, num caso mais extremo, presenciar uma nova espécie de genocídio. Como nosso grande professor de ética e epistemologia aplicada, Cauê Nogueira, disse em uma de suas mais marcantes aulas: “o canhão poderá apontar para os oprimidos, mas também poderá apontar para a classe que manipula”. Oras, se duvidam de tal coisa, busquem na história evidências de malucos que incitaram multidões já alienadas a cometer absurdos: Hittler conseguiu incitar todo o povo alemão contra os judeus (e os episódios de resistência contra o genocídio judeu, por parte de civis ou militares alemães, foram poucos). Temos outro exemplo bem interessante, e não tão antigo: um líder religioso que incitou uma multidão inteira de seguidores a ceifarem a própria vida em nome de suas crenças. Enfim, acho que já deixei bem clara a primeira hipótese em que a nossa bomba pode explodir...

    Na segunda hipótese, temos o fato de alguma hora, todos os indivíduos que compõem essa massa alienada “acordarem”, e creio que isso não vai ser nada “legal” (para os que estão sustentando esse sistema educacional, claro). Oras, convenhamos: se vocês acordassem de um estado de alienação e descobrissem que uma determinada cambada estava educando-lhes de modo que se tornassem fantoches, como ficariam? Matariam os desgraçados, no mínimo; e garanto que grande parte das vitimas dessa educação que robotiza e aliena irão cogitar essa hipótese quando “saírem da caverna” – e eles não são qualquer turma de idiotas que decidiu se rebelar de forma aleatória; eles compõem grande parte dos brasileiros que ainda tem disposição para lutar por algo, pois em sua maioria, ainda possuem os benefícios da idade jovem, e como sabemos, antes de atingirmos a velhice, romantizamos nossas causas. Uma causa romantizada é uma causa forte, que fortalece os indivíduos apaixonados pelo ideal.

    Ah, lembro que quando estava no ensino fundamental, era comum alguém falar para os meus pais coisas do tipo “nossa, como seu filho é inteligente”, “nossa, como seu filho pega as coisas rápido, já está fazendo contas de multiplicar”. Um minuto apenas! Quer dizer que sou inteligente só porque decorei tudo que o professor falou e escreveu em frente a um quadro-negro ridículo? Sinto muito mas eu não chamo isso de inteligência – aliás, se isso é inteligência, devo ser bem burro. E vou mais adiante: o conceito de inteligência é amplo, e está entre os conceitos que mais sofrem mutações (inclusive, uma das teorias mais conhecidas, acerca da inteligência, foi desenvolvida pelo psicólogo Howard Gardner, onde o mesmo afirma existirem inúmeros tipos de inteligência, e não um único tipo de inteligência que engloba todas as formas de aprendizado, reprodução e criação, como afirmam muitas pessoas). Portanto, viram que é um tanto arriscado proferir que determinada criança (ou determinado adolescente) é inteligente unicamente por ter “decorado” algo escrito ou falado. A questão é que uma sociedade imbecil alienou os diversos conceitos de inteligência, assim, criando um conceito excludente, perverso, retrógrado e burro – e tal conceito, está indiretamente ligado com o vergonhoso sistema educacional brasileiro. É muito simples compreender esse conceito: fez a lição de casa? Tirou nota máxima em uma matéria, mesmo não gostando dela? Passou no vestibular? Entregou o trabalho de acordo com todas as regras de digitação ditadas pelo professor? Parabéns, você é inteligente. Isso é hilário... Além de os imbecis estarem confundindo, em determinado aspecto, inteligência com esforço e capricho, estão praticamente dizendo que se comportar como um robô que simplesmente absorve e reproduz o que absorveu é sinônimo de inteligência. Compreendem o que quero dizer? Bom, posso não ser um gênio, mas sei que esse tipo de coisa não pode ser chamado de inteligência, pois esse tipo de coisa é retrógrado, e tudo que é retrógrado, vai de encontro à essência de todos os conceitos de inteligência existentes – são antônimos. Pois bem, certamente se recordam que essa alienação dos conceitos de inteligência também causa ações de exclusão. Essa é uma verdade inquestionável, afinal, o que se esperar de um julgamento que lhe atribui sinônimos de burrice quando você deixa de responder as questões de uma prova de acordo com o que foi imposto pelo sistema educacional? Ah, e pelo amor de Deus – não estou dizendo que se deve julgar correto afirmar que uma aranha pertence ao filo dos mamíferos - a questão em pauta é: por qual motivo eu, que sinto tanto desgosto por biologia (usemos como exemplo uma pessoa que odeia biologia), sou obrigado a aprender isso? “Para passar de ano e passar no vestibular”, dizem muitos professores – isso quando não dizem coisas do tipo “em algum momento de sua vida, terá de utilizar isso”. Bom, são afirmações questionáveis. Primeiramente, pelo fato de essa questão de passar de ano ser bem relativa: se o individuo não gosta de determinada matéria, sentirá mais dificuldades em passar de ano por culpa dessa matéria. “Mas basta se esforçar, que você passa; isso é desculpa para não estudar, deixa de ser preguiçoso”, dizem muitos professores. Bom primeiramente, caro professor, é óbvio que se você não gosta de algo, sentirá preguiça para realizar atividades ou estudos em relação a esse “algo”. Em segundo lugar, concordo que se determinada pessoa se “esforçar”, passará de ano. Mas se empenhar em algo que foge dos gostos demanda mais tempo, e esse tempo perdido poderia ser utilizado para desenvolver habilidades em áreas do conhecimento que agradam esse suposto estudante que odeia biologia. Assim, a sociedade teria mais um especialista em alguma área especifica (ou em diversas, caso ele tivesse a chance de se dedicar apenas às áreas que lhe agradam) – e não um qualquer com conhecimento praticamente nulo em biologia e conhecimento parcial em outras áreas - todos nós sairíamos ganhando com isso. O sistema educacional, além de contribuir para a alienação do conceito de inteligência, se comporta de maneira egoísta; não sente uma mínima preocupação com o desenvolvimento social.

    As escolas (quase todas), dizem que seu interior é o espaço correto para discussões, debates e aprendizado – uma bela jogada de marketing. Outra coisa bem questionável... Que espaço aberto para discussões é esse, que simplesmente não nos permite discutir? Lembro que na minha época de ensino médio, se haviam discussões, eram nas aulas de filosofia e sociologia. E quando você questiona, simplesmente corre o risco de ser tachado como teimoso e revoltado – isso quando o professor não perde a paciência e confunde suas virtudes de questionador com vícios de um desobediente que está cometendo um desacato, e te força a se retirar da sala – acreditem, já vi isso acontecer. E sabem o mais intrigante? Muitas pessoas ainda são forçadas a conviver com “coleguinhas” que vivem proferindo frases do tipo “aula de filosofia? Não! Odeio filosofia. A filosofia é inútil, tomara que ela inexista” e que no final, não percebem que a filosofia e a sociologia são as únicas matérias que podem abrir seus olhos e qualifica-los para derrubarem a imposição que lhes força a aprender a matemática que tanto odeiam. E o mais hilário, é que são desinformados, pois se estudassem história, saberiam que o governo militar brasileiro, durante a ditadura, ordenou a retirada da filosofia da grade curricular do ensino médio, pois ela era a responsável por fazer as pessoas pensarem e questionarem.

    Enfim, a vida é curta e a espera é longa, e preciso escrever mais coisas antes que minha vida acabe. As demais reflexões deixo para vocês...  

27/09/2013 22:13

Algumas semanas são marcantes. Um novo emprego, uma nova amizade, uma prova mal elaborada ou até mesmo uma grande discussão são coisas marcantes para nossa alma, que nos fazem recordar.

 Dentre todos os acontecimentos extraordinários que a vida me proporcionou na semana que passou, duas figuras me chamaram tanto a atenção que resolvi dissertar sobre elas. Apresento-lhes o Zé Ruela e o Socialista de Beira de Piscina.

Primeiro sobre o José:

O Zé Ruela é o não enquadrado socialmente, o famoso perdedor. O Zé não conseguiu “se dar bem” na vida e acabou por amargar uma situação financeira pouco privilegiada. Pobre, Zé nasceu sem atributos e desprovido de vontade para “vencer” na vida. De acordo com o senso comum (que infelizmente não teve outra escolha a não ser se apegar na ignorância para não sofrer pelos absurdos aos quais estamos expostos diariamente), merece estar naquela situação. Pobre Zé, burro, fraco de espírito, pouco trabalhador e sem internalizar o avanço e o lucro....

Para melhor definirmos o nosso Zé Ruela, vamos ao seu antagonista, o “Bem sucedido”. Eis a figura do bem sucedido, bonito (de acordo com os padrões), trabalha muito para poder conquistar as suas coisas (coisas que são decididas pelos padrões), vive sua vida sem perder tempo. O bem sucedido sabe o que quer, é padrão de beleza. Forte e sempre simpático, ele sabe como ninguém atingir os seus interesses (interesses definidos pelos padrões).

Olhando bem essas duas figuras, não sei a razão, mas sinto enorme simpatia com os “Zés Ruela” do que com os bem sucedidos. Talvez o Zé ruela não foi sorteado com uma oportunidade que se adequasse às suas qualidades, talvez o Zé não tenha conseguido seguir os padrões, e por isso, paga com a sua imagem, e, por inúmeras vezes, com a sua miséria material.

Entretanto, o Bem Sucedido não existe mais, ele não prefere nada, ele não escolhe, ele não pulsa, pois tudo isso já foi feito pela mídia, pela novela, pelo senso comum. O Bem Sucedido nunca perceberá que as coisas com as quais ele se posicionou para atingir sua condição são perecíveis, ele não se dá conta de que ele mesmo é perecível.

Imagine só um diálogo entre um Zé Ruela e um Bem Sucedido:

Zé Ruela: - Ei Bem Sucedido, o que você conquistou?

Bem sucedido: Eu sou bonito, sou rico, trabalho de segunda à segunda, faço viagens internacionais. E você, o que você é? Não passa de um Zé Ruela que deveria ir atrás dos seus sonhos, assim como eu fiz.

Zé Ruela: - Eu estou vivo, e isso me faz ser bem sucedido, ou será que alguma das coisas que você conquistou irão te fazer viver para sempre? Bem sucedido é o homem que acorda, porque o que morre dormindo não tem mais perspectiva de ser feliz....Realmente você é tão pobre, que só te sobra ser rico...

 

MUDANDO DE ASSUNDO...

 

Já o Socialista de Beira de Piscina (SBP) é aquele garoto, vindo de família com alguma condição financeira, que resolve criticar o sistema que tanto o beneficiou. “Oras, você só está criticando porque seu pai está ralando”, “é fácil falar, quero ver dividir seu dinheiro”, “nunca batalhou para nada e agora quer dizer que o sistema está errado?” são frases que diariamente ele terá que ouvir. Respirar fundo e tentar explicar as suas aspirações é sempre o melhor que pode fazer....

O SBP não deveria criticar, deveria se colocar em seu lugar de beneficiado e ficar quieto, assim como alguém que vê uma senhora sendo assaltada, mas não está sendo assaltado e, por isso, não reage. Mas será que essa concepção procede?

Vale pontuar, QUEM, em uma sociedade que não oferece a menor condição de vida para as classes menos abastadas, deveria se colocar diante dos menos favorecidos? Eles próprios? Sem estudo, sem casa, sem condições mínimas e diariamente sendo maltratados pelos patrões e pelo Estado? Seriam essas as pessoas mais indicadas a olharem para o mundo sem realmente ver as injustiças? A resposta é NÃO.

Como o irmão mais velho, que é mais forte e por isso protege o irmão mais novo, as classes abastadas deveriam ACOLHER os seus IGUAIS, porque isso é SOLIDARIEDADE.

ÉTICA, que é exercício de RAZÃO, consiste em discordar com situações praticamente benéficas para o sujeito, que, por SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO, consegue perceber que nem todo ZÉ RUELA é culpado de sua situação. Por VISÃO DE MUNDO, os RICOS deveriam olhar para os pobres com olhos de COMPREENSÃO, ao invés de vê-los como a raposa vê a lebre ferida, ou seja, com olhar de PREDADOR, EXPLORADOR, INDIFERENTE A CONDIÇÃO ALHEIA.

O mundo não é Hollywood e QUALQUER UM pode enfrentar dificuldades e, quem é realmente ajudado, um dia poderá te ajudar, e não é de só grana que eu estou falando...

Portanto, eu sonho com um mundo onde TODOS OS JOVENS sejam socialistas de beira de piscina, porque exercitando a reflexão eles NÃO SERÃO RICOS VAZIOS amanhã.

                O “Beira de Piscina” refere-se ao fato de esse garoto sonhador não se movimentar de maneira revolucionária, então lhe pergunto: DEVERIA ESSE GAROTO PEGAR EM ARMAS E TENTAR A REVOLUÇÃO? A resposta é não, porque se ele fizesse isso com o apoio dos explorados, a classe dominante seria EXPURGADA, e, como sabemos, as coisas não devem ser assim. Portanto lhe pergunto, o que sugere o Sr. Matador de Idéias?  Pois saiba que tentando matar ideais, você está os fortalecendo, porque mais e mais PÍFIA torna-se a sua posição e as pessoas ao redor sentem isso. Saiba que o Sr. Matador de Idéias é na verdade o combustível do sonho, porque o sonho tem mais um objetivo, que é lhe mostrar o tamanho de sua ignorância.

                Che Guevara, Nelson Mandela, Karl Marx, Mahatma Gandhi, Buda, Rui Barbosa são alguns exemplos de playboyzinhos, ou melhor, Socialistas de Beira de Piscina, que viram o quanto as coisas podem melhorar, e marcaram para sempre seus nomes na minha e na sua história.

                UM SALVE AOS ZÉ RUELAS E OS SOCIALISTAS DE BEIRA DE PISCINA DO BRASIL!

19/09/2013 14:46

        Crítica: 1.Arte de julgar  2.Conjunto dos crítico  3.Exame minucioso 4.Julgamento hostil (dicionário melhoramentos da língua portuguesa)

        Muito se discute a respeito do que é crítica e qual sua finalidade no contexto social. Essa discussão é de grande valia para o desenvolvimento de diversas ideias e será de fundamental para nortearmos os trabalhos deste projeto, afinal, como poderemos desenvolver algo que possa ser realmente crítico se não pudermos ao menos definir o que é crítica?

        Aí está o cerne dessa questão, definir o que é crítica para realmente poder criticar. Grande parte do senso comum considera crítica como mero julgamento hostil, como o falar mal ou, pior ainda, como a atitude de pessoas que nada fazem a não ser maldizer as atitudes alheias. Obviamente que essas concepções reduzem drasticamente os efeitos da palavra e sua principal finalidade.

        Crítica possui origem etimológica no termo grego Kritiké, que significada nada mais nada menos do que a “Arte de Discernir”, ou seja, a arte de fazer juízo (separar o certo e o errado). Portanto, devemos considerar a expressão pelo seu caráter de neutralidade, e assim talvez, obtermos um melhor entendimento sobre o que é crítica.

        Immanuel Kant (1724-1804) utiliza o termo para designar a reflexão da validade e dos limites do ser humano ou de um conjunto de elaborações filosóficas. Na filosofia moderna, um ponto de vista crítico é antagônico a um ponto de vista dogmático, ou seja, crítica nada mais é do que a negação de uma verdade absoluta, e nos ateremos a este critério.

        Partindo-se da célebre frase de Sócrates: ”Só sei que nada sei” a crítica é puro exercício de cognição a respeito da ambiguidade de uma aparente realidade e uma realidade encoberta, é a eterna busca de contrapontos, visando retirar os véus que confundem a nossa percepção para podermos compreender as coisas como realmente são, e não como simplesmente se apresentam (ou como outros querem que se apresentem).

        Sendo assim, a crítica deve ser atividade constante na vida de qualquer pessoa proposta a melhorar ou interferir nos atuais arranjos, e aí está a sua finalidade social. Crítica não deve ser encarada com um fim em si mesma, mas deve ser ferramenta de desconstrução de ideias fincadas no âmago do contexto social, ideias essas, que muitas vezes nos fazem contribuir para um cenário de brutal desigualdade.

        O simples ato de criticar não resolve e nem resolverá nenhum dos problemas em que estamos submersos, porém a crítica é uma lanterna que aponta para os erros, é o alarme de incêndio, é o indicador de que algo está errado. O crítico não sente prazer em criticar, ao contrário, criticar se faz necessário em função do tamanho desprazer que alguma circunstância gera.

        Todos temos noções básicas sobre o que é justo e o que não é, sobre o que é bom e o que é mal no sentido amplo de nossa existência, e criticar nada mais é do que utilizar o pensamento em prol de sua humanidade e de seus sentimento. Ser crítico é procurar analisar tudo, mesmo que muitas vezes possamos nos machucar (autocrítica).

        Ser crítico é ser um amigo da humanidade, é um estado de espírito, é condição que, uma vez atingida, nunca mais se perde, tal qual andar de bicicleta. Compartilhamos da tese de Theodor Adorno frisando que só se salvará a humanidade de sua desumanização através da crítica.

Tópico: Afinal o que é crítica?

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andomvwl 01/11/2013

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