ObamaCare Vs Republicanos. Isso é só problema dos EUA?

11/10/2013 13:58

    No dia 03 de outubro de 2013 o mundo estarreceu-se ao receber a notícia do incrível corte de verba aprovado pelo congresso americano, o que muitos consideram como um sequestro do governo. A aprovação do sequestro significou o congelamento dos repasses de verbas para a manutenção do dia-a-dia estatal estadunidense. Pontos turísticos interditados, autarquias paralisadas e até a possibilidade de atraso no pagamento de funcionários públicos estão entre as razões com poder de retrair a ainda doente economia dos USA.

    Estamos acostumados com crises financeiras e colapsos econômicos, então, não nos causaria muito espanto o acontecimento não fossem as verdadeiras razões pelas quais o governo Obama sofre o embargo financeiro.

    O único país americano a não disponibilizar saúde estatitazada aos seus cidadãos são os Estados Unidos (entende-se por saúde estatizada a saúde pública, que é paga com os impostos do contribuinte). Lá, nem o questionável SUS existe, ou seja, o posicionamento americano em relação à saude é 100% neoliberal.

    Este cenário transformou a saúde numa mina de ouro na terra do Tio Sam. Só tem acesso quem tem convênio médico ou fundos disponíveis para pagar médicos particulares e, normalmente, a primeira alternativa é a mais viável. Neste contexto, megacompanhias de planos de saúde geraram um verdadeiro império que substituiu a finalidade real da medicina (salvar vidas) pela finalidade real do capitalismo (maximização de lucros).

    Exemplos da falta de humanismo dessas empresas são as restrições em virtude de doenças pré existentes ou a enorme listagem de doenças que não recebem reembolsos por seus tratamentos (ver o filme SICKO S.O.S saúde, na sessão vídeos). Verdadeiros departamentos de espionagem são criados para que os convênios descubram qualquer problema que os isentem de pagar pelo tratamento dos pacientes, ou seja, você paga as mensalidades corretamente e quando você precisar, eles farão de TUDO para não honrar com as obrigações de plano de sáude.

    A situação se tornou tão absurda e insustentável que Barack Obama, coerentemente, resolveu intervir, regulando o sistema de saúde de modo a eliminar a máfia das doenças pré existentes, reduzir os preços e promover o acesso de todos os americanos aos planos de saúde. Obama pensou no povo....

    Exatamente no primeiro dia da ObamaCare (reforma da saúde), o congresso, formado majoritariamente por republicanos que tiveram as campanhas financiadas pelas grandes companhias (inclusive planos de saúde) suspenderam os gastos do governo, gerando um cenário de instabilidade mundial (hoje todas as economias estão atreladas aos EUA) e já disseram que não mudarão de idéia até que o ObamaCare seja reavaliado. Estranho né? As medidas para o bem geral não deveriam causar esse tipo de reação. Mas como todos sabem, o bem comum não combina com o modelo privado (Privado: o que não é público, que pertence ao indivíduo, que tem um dono).

    Pois sinceramente, pouco me importam as brigas internas dos Ianques, o que me preocupa é ver que no Brasil os planos de saúde estão cada vez mais fortes, e, consequentemente, as medidas de horizontalização do acesso à medicos pelas classes de baixa renda, como o MAIS MÉDICOS, são duramente criticadas....Será que, realmente, um médico cubano atuando nos rincões do Brasil, onde nenhum médico brasileiro quer ir, é tão prejudicial para as nossas vidas? Será que não estamos sendo induzidos ao mesmo posicionamento do congresso americano, apenas para defender os interesses de uma minoria?

    Penso que, se eu fosse o dono de um plano de saúde, eu não torceria por um SUS de qualidade e, na medida do possível, usaria meu poderio político e financeiro para que as coisas não acontecessem adequadamente. No Brasil também há lobistas, no Brasil também há megacompanhias de planos de saúde, no Brasil também há uma direita reacionária que, apoiada pela mídia (financiada pelas grandes corporações) rechaçam melhorias ao povo. Isso me parece assustador....