A resistência negra...

18/11/2013 21:47

Um povo que sofreu a maior maldade da história, um povo que, por ter tons de pele mais escuros, foi retirado de sua terra natal e escravizado. A injustiça cometida contra os negros manchou a história humanidade muito antes dos campos de concentração, e as crueldades da escravidão foram exponencialmente piores.....

Poucas pessoas conseguem imaginar o que realmente foi a escravidão, eu mesmo sinto o tamanho da minha imprecisão ao dissertar a respeito de um sofrimento que eu não vivi. Não há a menor possibilidade de alguém que nunca foi escravo saber o que passaram pessoas que foram subtraídas de liberdade.... Os escravos comiam sobras, não tinham as menores condições de vida e apanhavam o quanto seu dono (a expressão “dona” nasceu na escravidão) achasse necessário. Se o senhor do engenho quisesse, ele podia matar seu escravo, pois este era sua propriedade, não desfrutava do “status” de ser humano.

Mas é daí que veio minha admiração pelos negros. 

Sempre quis descobrir de onde veio a força para transformar o sofrimento em felicidade e por muito tempo caí no senso comum de acreditar que essa felicidade era fruto de uma alienação ou falta de senso crítico que fez com que as terríveis situações fossem esquecidas. Erro crasso, talvez fruto de um “achar que o povo é burro”, o maior dos equívocos de quem procura qualquer entendimento social....

Ao contrário do que pensava, a alegria negra não é fruto de alienação, ao contrário, o raciocínio é absolutamente revolucionário.... Fazer samba, jogar capoeira, manter sua religião intacta mesmo depois de tantas investidas contra sua cultura mostra a grandeza do coração negro.

A herança da cultura negra é o mais bonito legado deixado por alguma cultura no Brasil. Hoje, TODOS SOMOS NEGROS, de sangue ou de alma, e é aí que está a felicidade, é por isso que somos uma grande nação.

O pagode, a capoeira (luta que parece dança e dança que é luta), a feijoada (comida do Brasil), a umbanda, o candomblé...todos sobreviveram à ignorância branca; isso é mostrar RESISTÊNCIA. Mesmo escravizado, com arte, dança e sorriso dizer que a intolerância pode tirar a liberdade, mas nunca tirará a nossa alegria, o preconceito pode dizer que não somos gente, mas o amor nos faz e nos fez humanos, os mais belos seres humanos, os injustiçados e vitoriosos.

E todos os descendentes de europeu sofrem com a angústia de saber o tamanho da ignorância de seus antepassados.

Dia 20 de novembro é dia da consciência negra e não queremos prestar homenagens à Zumbi dos Palmares ou Martin Luther King, pois isso seria muito óbvio. Nossa homenagem é para cada ser humano que é negro de pele, de alma, ou de coração. No sorriso negro, temos a alma da resistência, o sentimento que deve nortear qualquer revolucionário, qualquer um que procura um mundo melhor.

                                                                                                                                                                                                          

Sorriso Negro

Fundo de Quintal / Dona Ivone Lara

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade 2x

Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio é luto
Negro é a solidão
Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade

Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio é luto
Negro é a solidão
Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade 2x

 

Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade

Martinho da Vila

 Aprendeu-se a liberdade
Combatendo em Guararapes
Entre flechas e tacapes
Facas, fuzis e canhões
Brasileiros irmanados
Sem senhores, sem senzala
E a Senhora dos Prazeres
Transformando pedra em bala
Bom Nassau já foi embora
Fez-se a revolução
E a festa da Pitomba é a reconstituição
Jangadas ao mar
Pra buscar lagosta
Pra levar pra festa
Em Jaboatão
Vamos preparar
Lindos mamulengos
Pra comemorar a libertação

E lá vem maracatu, bumba-meu-boi, vaquejada
Cantorias e fandangos
Maculelê, marujada
Cirandeiro, cirandeiro
Sua hora é chegada
Vem cantar esta ciranda
Pois a roda está formada
Cirandeiro
Cirandeiro, Ó
A pedra do seu anel
Brilha mais do que o sol